Saiba como lidar com a mania de comer para aliviar problemas emocionais



Para quem não resiste e devora o prato cheio de sua comida favorita é difícil entender como alguém consegue parar ao primeiro sinal de saciedade. Comer só quando estiver com fome, sem extrapolar nas quantidades, é a receita para não engordar. Mas como fazer quando a comida domina sua vida?
É comum ouvir a expressão “cabeça de gordo” quando se fala de hábitos e pensamentos que levam ao comer compulsivo, por hábito ou para descarregar as emoções. “Muitas pessoas fazem dieta a vida inteira e depois voltam a engordar. O problema é que a causa do ganho de peso não foi cortada, mas sim seu efeito, apenas com redução das calorias consumidas”, diz o neuropsiquiatra Sidney Chioro.
Médicos concordam que a má relação com a comida é uma das causas da obesidade. “O excesso de dietas pode ser resultado de não se trabalhar os comportamentos. Nossa sociedade dá muita importância para a questão da alimentação, para a magreza. Isso gera um comportamento obsessivo com a comida. Uma mente gorda pode existir em alguém que não come, mas só pensa em comida”, explica o psiquiatra argentino Maximo Ravenna.
Pare um minuto e pense: você costuma comer sem saber o motivo, apenas porque não tem nada o que fazer, ou porque está ansioso ou triste?

“O estresse, a baixa autoestima, a depressão, a perda de interesse e prazer em situações cotidianas e a ansiedade são manifestações psicológicas desencadeadoras da obesidade”, acrescenta Luciana Ferreira Ângelo, responsável pelo departamento de psicologia da Sociedade Brasileira de Hipertensão.
Já o psiquiatra Adriano Segal, coordenador do Departamento de Psiquiatria da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), afirma que a obesidade é uma doença grave e que a sua incidência não pode ser vista como uma consequência de aspectos psicológicos. “Dá trabalho, mas o fato é que a quantidade de comida tem que ser igual ou menor ao que a pessoa gasta. Se for maior, é suficiente para ganhar peso. Independente de quanto você come”.
Apesar dos cuidados, especialistas ensinam que também é importante encarar a alimentação como algo natural, prazeroso e saudável, em vez de encará-la como uma solução para problemas, principalmente emocionais.
A psicanalista inglesa Susie Orbach aconselha, em seu livro “Sobre a comida: reaprenda a comer e mude sua vida”, a descobrir por que você come quando não está com fome. Esta é uma das chaves para ter o peso adequado. Ela também indica só comer quando estiver com fome, comer o alimento pelo qual seu corpo sente fome (sem restrições que só acabam aumentando a vontade de comer), saborear cada bocado e sentir seu gosto, e parar de comer no instante que identificar que seu organismo já está saciado.
Desordem no organismo
O comer errado leva a uma desorganização de todo o organismo. “O impulso de comer leva a pessoa comer do jeito que engorda. Aí, então, ela não forma saliva e secreções digestivas suficientes. Todo o aparelho digestivo passa a funcionar errado”, explica o Chioro, que aplica uma técnica de projeções para superar a compulsão por comida.
Ravenna, que também tem uma técnica própria para combater o comer emocional, aponta que o paladar se acostuma e vira “dependente” de certos tipos de alimentos. “Estudos comprovam que alimentos calóricos têm um poder muito forte no cérebro, similar ao das drogas, o que favorece o vício e um comportamento obsessivo. Uma pessoa que bombardeia seu corpo durante muito tempo com comidas calóricas gera um condicionamento dos neurotransmissores. Aí, ela perde a noção do que é a fome”.
“Eliminei 33 kg apenas prestando mais atenção nas minhas ansiedades. Identificando o que queria no momento em que atacava a comida. Sem saber por quê, eu acabava indo para a geladeira”, relata a veterinária Janaína Santos.
Segundo Chioro, se a pessoa comer pela fome biológica, controlada pelo hipotálamo, ela vai ser magra. O problema é quando o sistema límbico entra em ação na formação das emoções, que desde cedo são atreladas à alimentação.
“As pessoas aprendem a relacionar a comida como algo de bom que ela está se dando, um presente. As emoções devem ser trabalhadas como emoções e não descontadas na alimentação, que tem outra função biológica”, diz Ângelo.
E o problema aparece quando isto passa a ser um hábito, destaca o argentino. Lembra do copo de água com açúcar para acalmar ou do delicioso bolo da vovó? O doce passa a ser visto como algo que acalma, reconforta e é a ele que você vai recorrer quando estiver mal. Ou vai comer tanto bolo na busca daquela sensação boa que você tinha quando era criança.
Triste porque está gordo, gordo porque está triste
Este é um bordão de Ravenna. Ele diz que a pessoa come para se acalmar ou porque está triste e acaba engordando, e aí come mais ainda porque sua autoimagem é prejudicada, o que diminui a autoestima. O primeiro passo para sair deste ciclo é pensar na função da comida em sua vida. Ela está suprindo a fome ou algum problema? "É comum as pessoas escolherem alguns alimentos e abusarem apenas deles como chocolate, pizza ou refrigerante. Elas acreditam que só aquele alimento as podem tranquilizar", lembra a psicóloga.

Tirar da comida o foco da sua vida e questionar hábitos também ajudam. “A comida para o obeso passa a ser um tema sempre presente nas conversas. Você pode estar preocupado com o que comer ou que não deve comer, mas sua vida acaba se baseando apenas nisso, em pensamentos reiterados sobre comida”, alerta Ravenna. 
Adailton Sparaviezi sabe bem o que é isso. “Eu ia ao cinema e não pensava no filme que ia ver, só queria saber da pipoca e da coca-cola”, conta o ex-obeso que emagreceu 45 kg em 2 anos com o método de Chioro. Ele diz que as principais lições foram identificar quando estava saciado e parar de comer e quando estava comendo por hábito e não por fome.
Alguma mudança em seu cardápio? Sim, o churrasco. “Antes eu não comia para não engordar, agora eu sei que eu posso comer um pouco que não tem problema”.

FonteLilian Ferreira Do UOL Ciência e Saúde

Escrita espelhada, o que fazer?

   
    Quando as crianças iniciam a escrever suas primeiras palavras ou números, a sensação dos pais é indescritível. É um processo de autonomia, um ritual de passagem evidenciando uma nova etapa na vida da criança... É uma garcinha ver aquelas mãos tão delicadas iniciando seus traçados....
     Ao compor suas primeiras escritas elas mostram-se portadoras de inúmeras experiências, desejos, anseios e dinâmicas particulares de aprendizado. Vygotsky (1998) destaca que a escrita tem significado para as crianças, desperta nelas uma necessidade intrínseca e uma tarefa necessária e relevante para a vida.
   Entretanto, na medida em que esta escrita avança é comum que elas evidenciem letras ou números espelhados...algumas já estão lá por volta dos 7 anos e ainda mantém esta característica e por que será que fazem isso?

   Em primeiro lugar é importante ressaltar que espelhar letras e números é normal, pois a criança está em processo de construção da escrita. Para que ela tenha o entendimento, que nós adultos temos que a escrita inicia da esquerda para a direita (no caso da cultura ocidental), algumas noções anteriores ao papel devem ser bem trabalhadas. A aquisição da escrita é posterior à aquisição da linguagem e posterior a um nível específico de maturidade motora humana.
     Conforme Esteban Levin (2002: 161), o ato da escrita em si, não depende somente do ato biológico, mas de toda uma estrutura que provém do sistema nervoso central,
[...] o que escreve é um sujeito-criança, mas, para fazê-lo, necessita de sua mão, de sua orientação espacial (lateralidade), de um ritmo motor (relaxamento-contração), de sua postura (eixo postural), de sua tonicidade muscular (preensão fina e precisa) e de seu reconhecimento no referido ato (função imaginária).
     Conforme manual de neurologia infantil, autoria de Diament (2005), a partir dos 7 anos que a criança começa a consolidar a noção de direita e esquerda, bem como encontra-se em fase de maturação de áreas visoespaciais, portanto é perfeitamente normal ainda apresentar algumas trocas  na direção de suas escrita, pois estão em processo de aprendizagem, sistematizando suas hipóteses e consolidando noções importantes em aspectos neurobiológicos, porém, alguns alunos espelham palavras e frases inteiras, característica da disgrafia. No entanto, isso não significa que as crianças que espelham letras e números apresentem disgrafia, mas se no final deste ano, após todas as intervenções pedagógicas terem sido realizadas, visando a “escrita correta” das palavras, faz-se necessário uma avaliação mais detalhada.
       Dehaene (2012) nos mostra que a capacidade de reconhecer as figuras simétricas faz parte das competências essenciais do sistema visual, porque permite o reconhecimento dos objetos independentemente da sua orientação, por esse motivo  que quando uma criança aprende a ler tem que “desaprender” a generalização em espelho para que possa compreender a diferença entre as letras “b” e “d”.  A maioria das crianças passa por uma fase de escrita em espelho tendo geralmente ultrapassada esta dificuldade por volta dos 8 anos. Entretanto, cabe ressaltar que algumas das crianças que apresentam escrita espelhada são canhotas.
      A identificação de uma imagem na sua forma simétrica, confusão esquerda-direita, também é frequente, no nosso sistema visual (Dehaene 2007).
       No entanto, na sala de aula existem professores que consideram "errado" quando os alunos escrevem palavras ou números espelhados, por isso se faz necessário esclarecer que antes de considerar certo ou errado, faz-se necessário realizar atividades que propiciem a lateralidade. Com certeza, no processo de alfabetização, tanto pais, quanto professores, devem sempre questionar a criança sobre como poderia melhorar aquilo que fez, procurar fazê-la tomar conhecimento do que fez e como o fez, mas também como deveria fazê-lo. 
        Numa abordagem neurocientífica Guaresi (2009) enfatiza que:
A criança tem que manipular um repertório de  habilidades motoras finas e complexas concomitantes com dados sensoriais (conteúdo visual),  um processo que envolve muitas funções cerebrais, tais como atenção, memória, percepção  (integração e interpretação de dados sensoriais), entre outras. O processo de aprendizagem da  escrita envolve, entre outros aspectos, a integração viso-espacial, ou seja, visualizar o que está  sendo apresentado, localizar o lápis, acomodá-lo de forma satisfatória na mão, direcioná-lo ao  caderno e iniciar a sequência de movimentos numa tentativa de escrita. Com o tempo e o reforço das redes sinápticas correspondentes, este processo será automático, ou seja, não  precisará de monitoramento cerebral constante para execução da tarefa e a criança terá  condições de aumentar o nível de complexidade.
       Existem três domínios principais que precisam ser ensinados para que uma pessoa tenha autonomia no ato de escrever: o domínio linguístico, o domínio gráfico e o de conceitos de letra e texto. A escrita  como um sistema organizado manifesta nossa capacidade de simbolizar.  É complexo e sua aquisição demanda o domínio das várias dimensões que o compõe, por exemplo, além da segmentação, as crianças precisam adquirir no domínio gráfico, noções de esquerda para a direita, de cima para baixo.
          Portanto, a neuropsicopedagogia não lida apenas e diretamente com o problema de aprendizagem, mas com todos os processos metacognitivos que fazem com o ser humano venha a ter melhores condições de aprendizagem. Nesse sentido é importante lembrar que os alfabetos expostos em sala de aula, não deveriam ser em E.V.A, pois na maioria das vezes, apresentam somente a letra script maiúscula, sendo que no mundo letrado, não é somente este tipo de escrita que a criança encontra, muito menos deveriam conter formas de “bichinhos, bonequinhos”, pois isto também acarreta em confusão para aquela que se encontra em processo inicial do traçado das letras. Ela precisa visualizar a estética correta da escrita, e se possível que neste alfabeto seja sinalizado por setas indicando por onde começar esta escrita. A mesma sugestão é válida para o traçado de números. No entanto, antes de sistematizar a escrita “no papel”, diversas outras atividades envolvendo o corpo devem estar bem desenvolvidas, pois tudo que sentimos através do nosso corpo, torna-se mais significativo e é nesse sentido que seguem algumas sugestões de atividades:

Jogo de orientação espacial:
Dependendo da idade da criança, pode-se colocar uma fita no braço, ou perna sinalizando o lado direito (ou esquerdo). Coloca-se no chão algo delimitando o espaço, por exemplo 3 colchonetes. A criança fica posicionada no colchonete do meio, e o professor diz: direita (ele deve passar para o colchonete correspondente), esquerda ou meio. Também, após terem dominado estas noções,  pode ser colocado outros 3 colchonetes na frente da criança, sendo que outra participe da atividade, demonstrando que ao se posicionarem uma frente a outra, o ato de pular para a direita de uma, irá mostrar-se diferente do ato de pular para a direita de outra.


Atividades com balão:
Tentar manter o balão no ar, somente batendo nele com a mão direita, após somente com a mão esquerda.



Brincar de Robô:
Uma criança é o robô, e seu parceiro é o guia. Auxiliados pela professora, combinam sinais de movimentação do robô. Por exemplo, se o guia tocar o lado esquerdo da cabeça do robô, esse vira para a esquerda; se tocar o lado direito, vira à direita; se tocar o alto da cabeça, o robô abaixa, e assim por diante. Algum tempo depois, invertem-se os papéis, sendo que o guia vira robô, e o robô vira guia. Depois disso, a brincadeira é feita com deslocamentos. As duplas combinam os sinais de movimentação. Por exemplo, um toque na parte de trás da cabeça é sinal para o robô ir adiante; um toque nos ombros é sinal para que ele pare.

Brincar de espelho:
Inicialmente cada aluno faz as atividades sozinhos, ou seja, a professora diz, mostrar a mão direta, colocar o pé esquerdo ao lado da cadeira, colocar a mão esquerda no olho esquerdo, encostado no cotovelo direito  no joelho direito, e ir dizendo várias situações. Mas para brincar de espelho, cada um ficará de frente a um colega e deverá seguir as instruções dadas pela professora, porém localizando no outro.

Que letra é essa?
Nas costas do aluno o professor faz com o dedo uma letra e o mesmo deve dizer qual é.

Caminhar sobre as letras:
No chão, fazer o traçado de letras ou palavras e os alunos devem caminhar sobre as mesmas, seguindo a ordem que o traçado deve ser feito. 

Escrita com água:
Os alunos podem molhar o dedo na água e vir ao quadro passar o dedo sobre o traçado das palavras.

Escrita na areia:
No chão, escrever com o dedo, ou palito de picolé, o traçado de palavras.

Modelagem de palavras:
Usando argila ou massa de modelar, escrever palavras modelando letra por letra.


Referência Bibliográfica:
BOSSA, Nádia. Dificuldades de Aprendizagem: o que são e como tratá-las. Porto Alegre: ARTMED, 2000.
DEHAENE, Stanislas. Os Neurônios da Leitura: Como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre: Penso, 2012.
DIAMENT, A. CYPEL,S. Neurologia Infantil, 2005, p. 78
GUARESI, Ronei. Etapas da aquisição da escrita e o papel do hipocampo na consolidação de
elementos declarativos complexos. Letrônica, Porto Alegre v.2, n.1, p. 189, jul. 2009.
LEVIN, Esteban.  A Infância em Cena. Petrópolis: Ed. Vozes, 2002- 
LIMA, Elvira Souza .Coleção Cotidiano na Sala de Aula. Ed Inter Alia, São Paulo


Transtorno alimentar afeta 12% dos adolescentes


A perda de peso inadequada e os comportamentos que culminam em transtornos alimentares fazem parte da realidade de um número cada vez mais significativo de adolescentes brasileiros. De acordo com estudo divulgado recentemente pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), 12,2% dos adolescentes apresentam comportamentos de risco para esse tipo de transtorno.
Foram avaliados 1.167 adolescentes e, desse total, quase 32% mantém algum tipo de prática não saudável para controlar o peso. O estudo foi coordenado pela nutricionista Greisse Vieiro da Silva Leal, que entrevistou estudantes do ensino médio, com idades entre 14 e 19 anos. Dos adolescentes que apresentaram comportamento de risco para transtornos alimentares, 72,5% são do sexo feminino. Os hábitos de risco identificados foram:
  • compulsão alimentar (10,3%)
  • prática de dieta restritiva (8,7%)
  • uso de diuréticos para emagrecer (1,4%)
  • uso de laxantes para emagrecer (0,3%)
  • vômito autoinduzido para emagrecer (0,3%)

Dos jovens que apresentavam alguma prática não saudável para controle do peso, 66,8% são do sexo feminino. Normalmente, as práticas são comer muito pouca comida com o objetivo de perder peso (20,4%), omitir refeições ao longo do dia para perder peso (20,6%), assumir o hábito de usar substitutos de refeições ou relacionados para emagrecer (7,4%), além de usar remédios para emagrecer (2,1%) e fumar mais cigarros com o objetivo de emagrecer (1,6%).

Ainda de acordo com a pesquisa, as práticas de dieta restritiva aumentam a chance de apresentar comportamentos de risco para transtornos alimentares:
  • 17 vezes mais risco no sexo masculino
  • quase 13 vezes mais risco no sexo feminino
Os jovens foram selecionados através de sorteio e, para a coleta de dados, utilizou-se um questionário de atitudes alimentares de adolescentes (QAAA), adaptado com questões sobre comportamentos de risco para transtornos alimentares.
A coordenação do estudo ressalta que a leitura de revistas sobre dietas para emagrecer quase triplicou a chance de uma adolescente adotar práticas não saudáveis para controlar o seu peso. Isso porque esse tipo de publicação apresenta corpos muito magros como ideais de beleza e contribui para alimentar um clima de insatisfação com o próprio corpo.
No caso dos adolescentes do sexo masculino, o estímulo materno para a realização de uma dieta foi o que mais influenciou as práticas não saudáveis para controle de peso. Soma-se a esse fator o papel da mídia (televisão, artistas e modelos) no aumento do desejo de mudar a aparência corporal.

Autor: br.MundoPsicologos.com

Morar com os pais após os 30 adia o amadurecimento



O empresário Alexandre Shirata, de 39 anos, já teve a experiência de morar fora de casa, com amigos e com uma ex-namorada, em lugares tão diferentes quanto o Japão, Angra dos Reis (RJ) e Betim (MG). Agora, com a mulher e o filho de quatro meses, decidiu morar de novo na casa do pai, em Belo Horizonte –e não cogita sair de lá tão cedo.

Decisões como a de Alexandre são comuns: adultos com mais de 30 anos, com independência financeira, muitas vezes em um relacionamento estável, que, por opção, resolvem continuar morando na casa dos pais.
Alexandre lista algumas vantagens, como o conforto de morar em um apartamento espaçoso e bem localizado, que custaria muito dinheiro se fosse adquirido hoje. Aliás, a questão financeira pesa muito na decisão.

"Não tenho despesas. Não me preocupo com conta nenhuma, nem IPTU, aluguel, condomínio, telefone, internet etc". Outra vantagem que ele vê é em fazer companhia para o pai, que estava morando sozinho e seu filho poder crescer perto do avô.

O único aspecto negativo que ele conseguiu encontrar foi "um pouco de falta de privacidade". Sua mulher estranhou morar com o sogro no começo, mas, com o tempo, a também empresária Rosiane Ribeiro, de 27 anos, achou até mais seguro estar tão perto do pai de seu marido, que é médico. "Qualquer coisa que acontecer com o bebê nós temos o auxílio dele", diz ele.

Companheira da mãe

A autônoma Maria Augusta da Costa Aguiar, 45, também mora com a mãe, em São Paulo, desde que tinha 27 anos, quando se separou. Na mesma casa vive o irmão, o biomédico e advogado Paulo da Costa Aguiar, 43, que não chegou a sair de casa.
Também para eles, não é prioridade mudar de vida nos próximos anos. "Nunca mais cogitei de sair depois que voltei", diz Maria Augusta. "Casa de mãe é sempre gostoso, né? Tem tudo em ordem, não precisa se preocupar com arrumação, comida, nada: já está tudo prontinho".

Ela diz que sempre teve um vínculo muito forte com a mãe e que as duas fazem companhia uma para a outra. Em casa, assistem à TV e passam o tempo juntas, principalmente à noite. Mas também costumam ir ao shopping ou jantar fora.

Segundo Maria Augusta, muitos de seus amigos também decidiram morar com os pais. Entre os mais próximos, lembrou-se de seis. Ela também destaca a economia dessa situação, mesmo com todos ajudando nas despesas. "Nunca cogitei morar sozinha. Financeiramente pesa demais. Muita gente vai morar com um amigo; eu prefiro morar com a minha mãe".

Ela não vê problemas com privacidade e diz que morar com a mãe não interfere, por exemplo, em seu namoro. Mas comenta que acaba tendo de dar satisfações, que são mais comuns quando o filho é adolescente, como dizer a que horas vai voltar para casa. "Para a mãe, o filho nunca cresce. Você sai, chega tarde e a toda hora ela telefona e pergunta "você vai demorar? Onde você está?"". Mas ela garante que não se incomoda.

Autonomia versus conforto

O psicólogo e psicanalista Armando Colognese Jr., professor do Departamento de Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, diz que, quando a pessoa opta por ficar com os pais, pode retardar o conhecimento, a experiência e o amadurecimento de cuidar verdadeiramente de si. Ele acredita que a experiência também pode ser negativa para os pais, por adiar o processo de envelhecimento. "Eles merecem certa liberdade e tranquilidade".

A psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo Blenda de Oliveira concorda que, do ponto de vista da autonomia, é "sempre melhor que os filhos possam ter o lugar deles". Ela lista algumas vantagens de sair da casa dos pais, apesar de eventuais obstáculos: a criação da própria rotina e das próprias regras, a definição da maneira pessoal de organizar a casa, a privacidade completa e a liberdade de chegar e sair na hora que quiser, sem ter de dar satisfações, que são naturais quando os pais estão por perto.

"Com os filhos em casa, a gente tem uma tendência a se meter. Porque, para os pais, os filhos vão ser sempre aqueles com os quais se preocupam. É muito difícil eles não perguntarem se comeu, a que horas vai chegar, se vai dormir em casa etc". 

Por outro lado, ela diz que a permanência dos filhos em casa pode proporcionar a companhia e cuidados para os pais, que às vezes a incentivam por causa da nostalgia de quando os filhos eram pequenos. Há, também, o caso em que os idosos necessitam de companhia, fazendo com que a convivência seja benéfica para os dois lados. Mas Blenda acredita que a única vantagem real, para os filhos, é a financeira. Ela defende que os pais ajudem na preparação dos filhos para a saída, determinando prazos e, se necessário, contribuindo durante um período de transição.

A mão no bolso

Enquanto o filho está na casa do pai, é melhor que contribua com as despesas da casa, na opinião de Marcelo Guterman, mestre em economia e finanças pelo Insper (instituição de ensino e pesquisa nas áreas de negócios e economia) e autor do blog "Dr. Money". "Do ponto de vista estritamente financeiro, adiar a saída da casa dos pais é sempre vantajoso", diz ele.

"Tem que ter um acordo muito claro e muito conveniente para os dois lados", afirma Blenda. "Há uma série de arranjos que podem ser feitos em cima da questão do poder econômico de cada um. Da mesma forma que os pais dizem que têm direito de perguntar sobre o filho e saber de tudo por ele estar morando na casa, o filho pode dizer que se sente no direito de estabelecer regras porque contribui com as despesas".

Isso é o mais comum, na análise do psiquiatra e psicanalista Elko Perissinotti, vice-diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. "A era do patriarcado está moribunda. Estamos na era do 'filharcado'". Ele explica: "Os filhos não querem assumir os riscos de autodestruição semelhante aos pais –que se acabaram num emprego sem férias, para terem suas casas e um casamento eterno. São os filhos que exigem os pais por perto, mas numa relação utilitária: casa, comida e roupa lavada".

Para ele, os jovens não saem da casa dos pais porque estão cada vez menos preparados para lidar com a "vida lá fora" –muito por responsabilidade dos próprios pais, por terem participado pouco da educação desses filhos. "Pais ausentes na criação dos filhos prejudicam o crescimento deles".

Independentemente de quando ou por que decidiram sair da casa dos pais ou permanecer nela, o professor Armando Colognese acredita que o fundamental é que os dois saibam administrar bem o espaço e a liberdade de ambos, para conviverem bem. "Para isso se tornar mais concreto, suficiente e consistente, a responsabilidade dos filhos na organização, nas despesas e no respeito às normas da casa é fundamental", conclui.

Cristina Moreno de Castro do UOL, em São Paulo

"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre."

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais  quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que esta sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem  aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas  pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No  entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras, a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém.

Extraído do livro "O amor que acende a lua", de Rubem Alves

Os Executivos e a inteligência emocional




As empresas procuram pessoas focadas em autodesenvolvimento, capazes de responder prontamente a cenários com mudanças aceleradas e superarem os desafios resultantes, também aptas e habilitadas em adquirir conhecimento frente novas realidades tecnológicas, na tentativa de assim garantir o sucesso organizacional.
Para este profissional, o maior desafio é o autogerenciamento, ou a capacidade de extrair o melhor entre os estímulos que diariamente incidem sobre o comportamento, promovendo a necessidade de atuação equilibrada que depende do manejo adequado das emoções e sentimentos.


O autodesenvolvimento apresenta-se como uma das mais importantes competências para o profissional do século XXI.

 
 




Além disso, é imprescindível que o executivo tenha conhecimento técnico e capacitação profissional. Todavia, para um bom desempenho em disciplinas distintas, é preciso que ele tenha fortalecida sua Inteligência emocional, bem como o domínio da capacidade de lidar com adversidades. Estas são competências que todo ser humano possui, mas que muitas vezes desconhece.
É a inteligência emocional que possibilita a administração de conflitos e provê recursos para manejo de situações antagônicas.

O profissional ideal possui três competências essenciais que devem estar em equilíbrio: a competência interpessoal, que possibilita desempenhar a liderança, exercendo a mediação de conflitos sem deixar de motivar e dar direcionamento à equipe; a competência informacional, que consiste em manter um excelente networking dentro e fora da organização e no cultivo de contatos pessoais ou virtuais que proporcionem informações relevantes ou inovadoras que proporcionem um bom desempenho e competência para decidir, que é a capacidade de responder prontamente à pressão e gerir ou promover mudanças.
Porém o que se observa é que, dependendo da área de atuação, algumas qualidades se apresentam mais desenvolvidas que outras.
No âmbito organizacional, a Inteligência Emocional é fundamentada em cinco áreas:

• Autopercepção, que é conhecer a si próprio ou às próprias emoções;

• Autorregulação ou autocontrole;

• Motivação, significa ser perseverante diante de situações adversas e/ou   frustrantes, com foco nos objetivos.

• Empatia ou a faculdade de compreender emocionalmente outra pessoa e;

• Habilidades sociais, como a capacidade de compreender, negociar, interagir com grupos e redes sociais.

Uma gerência adequada utiliza as emoções de maneira assertiva, promovendo melhora no trabalho, nas relações interpessoais e nas maneiras como são propostas as iniciativas.
Esse profissional consegue promover qualidade de vida, resultando em hábitos construtivos que se estendem aos seus colaboradores e que terminam por alcançar os resultados planejados.

Por Celia Vaz - Psicóloga e Colunista da Revista TOPIT, 1ª Edição, Ano 1, número 1,  Setembro/12, pg 82/83 - www.viviocom.com.br